8 de setembro de 2010

Organização do território brasileiro

A dimensão continental do Brasil foi uma conquista gradual, motivada por pressões externas, ações políticas e dinamismo pioneiro.
Inicialmente o Brasil não despertava muito interesse em Portugal servia apenas para a extração de pau-brasil, nessa época Portugal estava voltada ao comércio oriental, sua intenção era o domínio das rotas de especiarias orientais. No entanto, o território brasileiro passou a despertar interesse em outros países europeus, que começam a instalar feitorias e estabelecer alianças com as tribos indígenas, frente a essa ameaça francesa e holandesa Portugal se vê obrigada a efetivar sua conquista e cria as capitanias hereditárias.
Durante o século XVI observamos que o pau-brasil, a cana-de-açúcar e a pecuária motivam a ocupação do território e movimentavam a economia brasileira. A extração de pau-brasil com o tempo perde sua importância na economia brasileira, enquanto que a cana-de-açúcar passa a ganhar bastante representatividade. A necessidade de mão de obra para trabalhar nas lavouras e no beneficiamento da cana-de-açúcar leva ao surgimento das bandeiras que tinham como principal objetivo capturar índios para servirem de escravos nas plantações e produção do açúcar. Essas expedições possibilitaram que Portugal estendesse seu domínio para interior, também possibilitaram, mais tarde, a descoberta de áreas de extração de metais e pedras preciosas, sendo responsáveis pela identificação, no final do século XVIII, das jazidas de ouro em Minas Gerais e depois das de Goiás e Mato Grosso..
Em meados do século XVII a França, Holanda e Inglaterra se desinteressam pelas terras portuguesas, pois passam a dominar a área das Guianas, onde passam a cultivar a cana-de-açúcar e produzir o açúcar, fato que levará a uma crise na economia açucareira após meados do século XVII.
O tráfico negreiro forneceu uma enorme quantidade de mão de obra escrava para as produções de cana-de-açúcar, também criou novas necessidades locais, como por exemplo: a produção de fumo, que servia como pagamento pelos escravos; o desenvolvimento da pecuária para alimentação e também transporte e força motriz para os moinhos. O desenvolvimento da pecuária possibilitou a conquista e reconhecimento de novas áreas, criando ilhas de povoamento e rotas de ligação entre essas áreas, que mais tarde vieram a se tornar eixos de escoamento da produção. Mais tarde torna-se importante também para o ciclo do ouro.
No final do século XIX ocorre o surgimento do ciclo da borracha que passa a se desenvolver na região norte, impulsionada pela intensa necessidade de pneumáticos, devido ao desenvolvimento dos automóveis. Em 1910 a região era responsável por 80% da produção mundial de borracha, justamente quando as plantações asiáticas chegam à maturidade e passam a competir, se mostrando mais regulares e menos dispendiosas, levando a região amazônica a um período de letargia, do qual só passa a mostrar indícios de recuperação a partir da década de 1970.
O café, introduzido no Brasil no século XVIII, aproveita-se da estrutura canavieira desestrutura-se com o fim da escravidão, mas rapidamente substitui a mão de obra escrava pela assalariada, constituída essencialmente por migrantes europeus. O intenso desenvolvimento da cultura do café leva ao aumento das áreas destinadas a essa cultura, que se expande e organiza em torno das ferrovias, no intuito de facilitar o escoamento para o mercado externo. A introdução dessa cultura pelo interior, principalmente da região sudeste, foi acompanhado de outras bases, que mais tarde, com o declínio do ciclo do café, possibilitaram a adoção de outras atividades, assegurando a supremacia dessas áreas na economia nacional.
A sucessão de ciclos econômicos no território brasileiro possibilita o reconhecimento de três tipos de regiões: as que são ruínas dos ciclos anteriores; as que sobreviveram ao fim dos ciclos; e aquelas em que se acumularam atividades dinâmicas, recursos e poder. Os desequilíbrios regionais são em grande parte produtos desta história contrastada, mas a história brasileira não se restringe a esses ciclos.
No final do século XIX é possível verificar que o território brasileiro encontra-se diferenciadamente desenvolvido, possuindo “ilhas” de desenvolvimento econômico, que se organizam em dois blocos: Nordeste e Sudeste; ligados pela navegação de cabotagem.
Em meados do século XX observamos que há uma expansão do espaço econômico integrado a economia nacional. Nessa época observamos um intenso fluxo de nordestinos em direção à região Sudeste, alimentando o crescimento urbano. Ao chegar ao final do século XX o território passa a se apresentar, praticamente, todo integrado, devido principalmente ao desenvolvimento das vias e meios de transportes e de comunicação. O espaço econômico confunde-se com o território nacional, com exceção da alta Amazônia. Os fluxos migratórios perdem a intensidade, se tornando mais regionais. Essa mutação territorial é resultado de uma verdadeira revolução demográfica e econômica, que alterou profundamente o Brasil.

THÉRY, H.; MELLO, N. A. Gênese e malhas do território. In: Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005.


5 comentários:

  1. O meu professor dividiu o tempo fa territorialização brasileira em três períodos, período colonialista e formaç]ao sócio-economica do brasil; período imperial: trasição agrário-exportador para urbano e industrial, e, período repuplicano: desenvolvimento e planejamento regional.
    e quer que eu faça um trabalho científico dissertativo, utilizando essa refêrencia ai, me dê uma luz! hsuhushushushsu

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  2. Creio que o livro citado acima possa te ajudar. O capítulo ao qual se refere a estruturação do território você pode baixar aqui http://www.4shared.com/document/cnaJwepa/Gnese_do_territrio_-_Atlas_do_.html
    Se precisar de mais alguma coisa, ou tiver dúvidas deixe um novo comentário com seu e-mail que te retorno.

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  3. Obrigada, eu consegui esse capítulo.

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  4. Gostei muito do conteúdo e gostaria de leva lo pra sala de aula para trabalhar com meus alunos mas com esse fundo preto não to conseguindo copiar o texto.

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