12 de setembro de 2010

Orientação e localização geográfica

Identificar a localização geográfica de um ponto na superfície terrestre hoje é muito fácil devido a evolução da ciência cartográfica, mas nem sempre foi assim, até o século XVIII determinar a longitude ainda era um grande problema, fato que dificultava, principalmente, as navegações em alto-mar. O reconhecimento da latitude e da longitude é necessário para identificar a real localização, sendo importante para mapeamentos e para deslocamento em áreas que não possuem ou possuem poucos pontos de referência, como o oceano ou desertos.
O sistema de coordenadas geográficas é um legado dos gregos, que o atingiram através de cálculos matemáticos aliados a observações celestes. Seu idealizador foi o astrônomo Hiparco (190 a.C. - 120 a.C.). As linhas que representam a latitude permanecem paralelas umas às outras envolvendo o globo terrestre como cintos, do Equador aos pólos, numa série de anéis concêntricos. A escolha da linha do Equador como marco zero não foi arbitrária, mas sim derivada de observações da natureza e dos corpos celestes. Para conhecer a distância de um ponto qualquer a linha do Equador, era preciso saber o ângulo formado por este ponto, pelo Sol e pela linha do Equador, em um triângulo em que o Sol era o vértice. A latitude foi “facilmente” calculada, bastou a utilização de um gnômon e um pouco de cálculo, a ligação da projeção da sombra e a extremidade superior da agulha formavam um ângulo entre essa linha e o plano horizontal, sabendo que esse ângulo na linha do Equador, no dia do equinócio, era de 90, em qualquer outro ponto da Terra ele seria menor, portanto, se o ângulo fosse 50, a latitude seria 40, porque ela é a diferença entre o ângulo da linha do Equador e a medida em outros pontos da Terra.
Os meridianos se posicionam de forma inversa aos paralelos, enlaçam o globo do Pólo Norte ao Pólo Sul, formando grandes círculos de tamanhos idênticos, todos convergindo para os mesmos pontos nas extremidades da Terra, a localização do marco zero da longitude pode ser qualquer meridiano, o que fez com que essa definição variasse com o tempo, caracterizando-a como uma decisão meramente política. Para seu cálculo foi necessário estabelecer a hora exata de um fenômeno celeste importante (um eclipse, por exemplo) e comparar com a hora do mesmo evento em outra parte do globo, como a circunferência da Terra é de 360, equivalente a 24h de duração de um dia, uma diferença de uma hora, levou a conclusão de que entre os dois pontos estudados havia uma diferença de 15.
Ptolomeu, por volta de 150 d.C., publica seu primeiro Atlas que constituiu um importante marco na história da cartografia, nele Ptolomeu apresenta a localização geográfica de uma série de localidades, ele define como meridiano 0 as Ilhas Fortunate (hoje Ilhas Canárias e da Madeira), no noroeste da costa da África. Com o tempo o meridiano inicial foi sendo alterado, passando pelas Ilhas dos Açores e de Cabo Verde, como também por Roma, Copenhague, Jerusalém, São Petersburgo, Pisa, Paris e Filadélfia, entre outros locais, até se fixar em Londres (Greenwich), em 1884.
Navegar em alto-mar até meados do século XVIII era extremamente difícil, pois era necessário manter uma rota e tal demanda requeria uma localização geográfica. Enquanto a latitude era facilmente calculada através da observação da duração do dia ou pela altura do sol no firmamento ou se guiando pelas estrelas do céu, a longitude não se comportava da mesma forma, para seu cálculo era necessário o conhecimento da hora a bordo e também da hora em um ponto de referência que tivesse a longitude conhecida, mas como saber a hora de um ponto diferente do que o que se estava, se não existiam relógios precisos e capazes de aguentar as intempéries das viagens.
Cristóvão Colombo navegou pelo paralelo em sua viagem de 1492, desejava chegar a Índia dessa forma, mas encontrou a América no caminho, inúmeros outros navegadores navegam ao sabor de sua própria sorte, por vezes atingiam seus pretendidos destinos, outros acabavam atingindo rochedos, como é o caso de quatro navios ingleses, que em 1707 encalharam nas Ilhas Scilly e foram a pique, levando a morte quase dois mil homens.
A busca pela solução para o problema da longitude persistia, pois a determinação da longitude poderia levar a dominação dos mares, que era a grande busca das potências europeias da época, essa busca levou gênios a pensarem em alternativas para sua definição, entre eles se destacam: Galileu Galilei, Jean Dominique Cassini, Christiaan Huygens, Isaac Newton e Edmond Halley; que buscavam a solução principalmente nos astros. A sombra dessa busca levou a descobertas importantes, tais como: as primeiras determinações do peso da Terra, a distância das estrelas e a velocidade da luz.
Em 1714 o Parlamento Inglês cria a Lei da Longitude, que institui um importante prêmio em dinheiro para quem descobrisse uma maneira prática e útil para determinar a longitude, o erro máximo permitido era de até um grau para o terceiro lugar e até meio grau para o prêmio principal, que correspondia a um erro de apenas três segundos por dia, calculado todos os dias, durante quarenta dias.
Essa maneira prática foi descoberta/criada por John Harrison, que consegue o que muitos acreditavam ser impossível, ele cria um relógio de alta precisão que não se atrasa ou adianta diante das intempéries encontradas durante as viagens de navio. No entanto seu acesso ao prêmio foi retardado ao máximo, a fim de favorecer as chances dos astrônomos que buscavam a resposta no céu, de certa forma conseguiram, mas a determinação não era nada prática, necessitava de muitos cálculos, eram necessárias quatro horas para se calcular a hora a partir do mostrador celestial, essa observação se mostrava prejudicada caso o céu estivesse encoberto; já o relógio de Harrison demandava apenas meia hora para o cálculo da longitude. Depois de quarenta anos e cinco cronômetros que foram sendo desenvolvidos e aperfeiçoados ao longo de tempo, Harrison consegue finalmente obter o prêmio, durante esse tempo passou por várias experiências de intriga política, guerra internacional, calúnia acadêmica, revolução científica e conturbação econômica. Antes de receber seu prêmio ainda teve que submeter seus cronômetros a diversos testes e revelar a fórmula para a construção dos cronômetros, fato que levou a popularização da produção de cronômetros.

Por que dividimos o tempo em 60 minutos e 60 segundos?

http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_397651.shtml

8 de setembro de 2010

Explicação do Hino Nacional Brasileiro « FalaBonito

Explicação do Hino Nacional Brasileiro « FalaBonito

Organização do território brasileiro

A dimensão continental do Brasil foi uma conquista gradual, motivada por pressões externas, ações políticas e dinamismo pioneiro.
Inicialmente o Brasil não despertava muito interesse em Portugal servia apenas para a extração de pau-brasil, nessa época Portugal estava voltada ao comércio oriental, sua intenção era o domínio das rotas de especiarias orientais. No entanto, o território brasileiro passou a despertar interesse em outros países europeus, que começam a instalar feitorias e estabelecer alianças com as tribos indígenas, frente a essa ameaça francesa e holandesa Portugal se vê obrigada a efetivar sua conquista e cria as capitanias hereditárias.
Durante o século XVI observamos que o pau-brasil, a cana-de-açúcar e a pecuária motivam a ocupação do território e movimentavam a economia brasileira. A extração de pau-brasil com o tempo perde sua importância na economia brasileira, enquanto que a cana-de-açúcar passa a ganhar bastante representatividade. A necessidade de mão de obra para trabalhar nas lavouras e no beneficiamento da cana-de-açúcar leva ao surgimento das bandeiras que tinham como principal objetivo capturar índios para servirem de escravos nas plantações e produção do açúcar. Essas expedições possibilitaram que Portugal estendesse seu domínio para interior, também possibilitaram, mais tarde, a descoberta de áreas de extração de metais e pedras preciosas, sendo responsáveis pela identificação, no final do século XVIII, das jazidas de ouro em Minas Gerais e depois das de Goiás e Mato Grosso..
Em meados do século XVII a França, Holanda e Inglaterra se desinteressam pelas terras portuguesas, pois passam a dominar a área das Guianas, onde passam a cultivar a cana-de-açúcar e produzir o açúcar, fato que levará a uma crise na economia açucareira após meados do século XVII.
O tráfico negreiro forneceu uma enorme quantidade de mão de obra escrava para as produções de cana-de-açúcar, também criou novas necessidades locais, como por exemplo: a produção de fumo, que servia como pagamento pelos escravos; o desenvolvimento da pecuária para alimentação e também transporte e força motriz para os moinhos. O desenvolvimento da pecuária possibilitou a conquista e reconhecimento de novas áreas, criando ilhas de povoamento e rotas de ligação entre essas áreas, que mais tarde vieram a se tornar eixos de escoamento da produção. Mais tarde torna-se importante também para o ciclo do ouro.
No final do século XIX ocorre o surgimento do ciclo da borracha que passa a se desenvolver na região norte, impulsionada pela intensa necessidade de pneumáticos, devido ao desenvolvimento dos automóveis. Em 1910 a região era responsável por 80% da produção mundial de borracha, justamente quando as plantações asiáticas chegam à maturidade e passam a competir, se mostrando mais regulares e menos dispendiosas, levando a região amazônica a um período de letargia, do qual só passa a mostrar indícios de recuperação a partir da década de 1970.
O café, introduzido no Brasil no século XVIII, aproveita-se da estrutura canavieira desestrutura-se com o fim da escravidão, mas rapidamente substitui a mão de obra escrava pela assalariada, constituída essencialmente por migrantes europeus. O intenso desenvolvimento da cultura do café leva ao aumento das áreas destinadas a essa cultura, que se expande e organiza em torno das ferrovias, no intuito de facilitar o escoamento para o mercado externo. A introdução dessa cultura pelo interior, principalmente da região sudeste, foi acompanhado de outras bases, que mais tarde, com o declínio do ciclo do café, possibilitaram a adoção de outras atividades, assegurando a supremacia dessas áreas na economia nacional.
A sucessão de ciclos econômicos no território brasileiro possibilita o reconhecimento de três tipos de regiões: as que são ruínas dos ciclos anteriores; as que sobreviveram ao fim dos ciclos; e aquelas em que se acumularam atividades dinâmicas, recursos e poder. Os desequilíbrios regionais são em grande parte produtos desta história contrastada, mas a história brasileira não se restringe a esses ciclos.
No final do século XIX é possível verificar que o território brasileiro encontra-se diferenciadamente desenvolvido, possuindo “ilhas” de desenvolvimento econômico, que se organizam em dois blocos: Nordeste e Sudeste; ligados pela navegação de cabotagem.
Em meados do século XX observamos que há uma expansão do espaço econômico integrado a economia nacional. Nessa época observamos um intenso fluxo de nordestinos em direção à região Sudeste, alimentando o crescimento urbano. Ao chegar ao final do século XX o território passa a se apresentar, praticamente, todo integrado, devido principalmente ao desenvolvimento das vias e meios de transportes e de comunicação. O espaço econômico confunde-se com o território nacional, com exceção da alta Amazônia. Os fluxos migratórios perdem a intensidade, se tornando mais regionais. Essa mutação territorial é resultado de uma verdadeira revolução demográfica e econômica, que alterou profundamente o Brasil.

THÉRY, H.; MELLO, N. A. Gênese e malhas do território. In: Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005.


7 de setembro de 2010

Géographier

Géographier, verbe trans.. Décrire quelque chose du point de vue de la géographie.
http://www.cnrtl.fr/definition/geographier